você costuma separar a arte do artista?
- Perguntas (s)e(m) Respostas
- 25 de abr.
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será que faz sentido continuar lendo os livros do harry potter sendo que autora é assumidamente transfóbica? ou ouvir, com o som no talo, as músicas do ye - um cantor que se autodeclarou nazista? ou se dizer fã do johnny depp, mesmo depois de ele ter sido acusado de violência doméstica?
o debate surge depois de, mais uma vez, j.k. rowling se envolver em (outra) polêmica por seu ativismo contrário à inclusão de mulheres trans em pautas de gênero. (para fins de contextualização, a autora da saga postou uma foto celebrando a decisão da suprema corte britânica que define legalmente o conceito de mulher com base somente no sexo biológico).
diante disso, o que faço com minha obsessão pela pedra filosofal? guardo na gaveta da minha infância e lá deixo para apodrecer? a questão é que a discussão é um pouco mais profunda e, além disso, muito antiga.
o renomadÍSSIMO picasso, por exemplo, já foi acusado de misoginia em um livro escrito por sua própria neta, em que relata os maus-tratos que o pintor cometia contra suas esposas, musas e amantes. ao tomar ciência desse fato, o que fazemos com suas peças? deveria a comunidade artística desconsiderar as contribuições e técnicas que o pintor deixou?
de acordo com o professor pedro vaz perez da PUC minas, é possível SIM fazer essa diferenciação, uma vez que o produto final é baseado na visão de diversos contribuidores
“Eu gosto de pensar que o artista produz uma obra e, no momento em que ela está pronta, ela passa a não ser mais dele(…) no cinema (…) Não é só o diretor que está ali, ainda mais em um filme, é toda uma equipe de cineastas e o diretor, muitas vezes, é só mais um deles. Pode ser até o cara que tá mais à frente, mas essa obra costuma ser coletiva.”
voltamos ao início: será que é possível separar a arte do artista? será que a obra deve ter valor por si só, independentemente dos valores atribuídos a pessoa de quem a criou?
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